Sei que faz muito tempo que não posto nada por aqui...
Mas segue um texto que escrevi que ia sair no jornal do DCE-UnB, porém o jornal nunca chegou a sair do computador...
Recepção sem humilhação
Já é prática comum em muitas universidades do Brasil ao longo de cada semestre cada curso dar sua recepção às calouras e aos calouros. Alguns cursos adotam uma semana de atividades; aulas magnas; ações ecológicas. Alguns ainda optam pelo tradicionalismo do Trote sujo e/ou violento.
Veteranas e veteranos usam de argumentação que o trote é o momento de integração; que de fato é. Eu passei a me sentir mais integrado ao curso após passar pelo trote. Porém as pessoas se esquecem de pensar que antes do trote; há uma tensão no ar e um medo acerca do mesmo e das e dos veteranas (os) que só querem sacanear. Por isso, quando acaba o trote, o sentimento de alívio querendo ou não bate; pois agora não há mais aquela tensão do trote. Agora, sim não há barreiras para a interação.
Por isso, o trote representa um momento de coersão, pois quem é nova (o) na Universidade está morrendo de ansiedade de fazer amizades e muitas vezes pode se submeter às mais diversas coisas para conseguir se inserir no espaço. Sem contar que o medo da retaliação de não participar do trote existe e é real. Se o trote é o grande momento integrador do primeiro semestre, qual é a lógica simples?
Hoje, eu me pergunto: Qual é a graça de sujar uma pessoa que você mal conhece? Mostrar para a comunidade que ele é um ser diferente, mas que ainda não é um dos nossos de fato? Qual é a graça de submeter outra pessoa a poses degradantes e de mau gosto? Só por que você já passou por isso uma vez; não precisa mais passar? O trote não é um momento de integração. Por que todo mundo não se pinta? Será que não existe uma colocação hierárquica desnecessária? O veterano ou a veterana são melhores do que todo mundo? Trote é realmente uma brincadeira?
Existem outros métodos de recepção que realmente acolhem e estimulam a amizade. O trote solidário, organizado pelo Diretório Central de Estudantes em conjunto com muitos Centros Acadêmicos, é uma delas. Mas cada curso; centro acadêmico tem a sua própria autonomia para fazer a sua recepção voltada inclusive para o próprio curso. Palestras, gincanas, visitas a lugares relacionados ao curso, doação de sangue. Muitos são os caminhos para receber as pessoas sem precisar humilhá-las e sei que do mesmo jeito que se utiliza a critividade para bolar trotes mais engenhosos; pode-se utilizar de uma maneira muito mais eficaz e produtiva.
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